A Urbanização Brasileira - Milton Santos - Projeto Geografando

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21 julho 2015

A Urbanização Brasileira - Milton Santos


A Urbanização Brasileira - Milton Santos




O Livro

Em seu livro a Urbanização Brasileira Milton Santos analisa e discute as características do crescimento urbano brasileiro tendo como foco os processos sociais econômicos e territoriais. Aborda a desmetropolização das cidades brasileiras em oposição ao fenômeno
de metropolização dominante até meados dos anos 80, responsável pela fragmentação territorial. Devido às mudanças decorrentes desse processo é necessário propor uma teoria de urbanização brasileira como processo, forma e conteúdo dessa forma, para tanto Milton Santos de forma criativa e sagaz trás em seu livro uma abordagem que subsidiará o processo de compreensão da urbanização que segundo ele, ao adquirir um maior grau de complexidade com o passar dos anos não pode mais ser explicada pelos sistemas clássicos.
Todavia Milton Santos problematiza algumas questões tais como:a sobrevivência da maioria dos brasileiros na cidade;a distribuição das pessoas segundo as classes sociais e os níveis de renda ; habitação , mobilidade, educação, saúde, lazer e seguridade social ;A definição dos lugares sociais na cidade , o centro, a periferia, a deteriorização crescente das condições de exigências. Até que ponto seria provido às necessidades básicas da população em detrimento a uma boa qualidade de vida nas cidades neste contexto da urbanização brasileira?
Nesta obra Milton Santos tem como objetivo fornecer um conjunto de estudos sobre a realidade brasileira. Para tanto se faz crítico em sua obra de síntese se debruça sobre as mais variadas analises, porém pretendendo ser obra de síntese apresenta três principais deficiências, como obra de síntese tende a ser critica e não há obra critica que possa se contentar apenas de achados unicamente originais, sem a base de analises que a precedam com idênticas intenções, mesmo que se refiram a épocas passadas. Outro ponto é que mesmo com todo o conhecimento da multiplicidade dos fenômenos sociais e sua desenvoltura de falar sobre estes o autor é um geógrafo seu entendimento é forçosamente orientado. E finalmente a posição do autor dentro do seu próprio campo de estudo leva-o a certas preferências, certos partidos e escolhas, certas formas de busca de um entendimento global que outros autores não adotam como e não podem aceitar. Dessa forma este livro nasce com uma marca nitidamente pessoal, havendo uma preocupação com a coerência dos argumentos a busca de interpretação da realidade com base nos fatos é uma obra intrigante e instigante.
O processo de urbanização no Brasil tem inicio na década de 501 com o aumento populacional e o desenvolvimento do espaço urbano. Os moradores do campo mudam-se para a cidade em busca de melhores condições de vida, surgindo então uma ligação direta entre emprego e metropolização. Mas, ainda antes, durante o século XVIII, a urbanização começa a se desenvolver, se intensificar, então durante o século XIX, principalmente após a Segunda Guerra Mundial. A taxa de urbanização que em 1940 era 26,36% em 1980 alcança 68,86%.
A urbanização está, então, ligada ao processo de industrialização. A criação de uma indústria, fábrica ou empresa, principalmente de grande porte, tende a atrair à região onde se instalou um alto número de pessoas. Ela gera empregos diretos e indiretos, fazendo com que novos imóveis e prestadores de serviços se instalem aos seus arredores. A partir dos anos 1940-1950 a industrialização não pode ser entendida apenas como a criação de atividades industriais, mas também como um processo social complexo, formando um mercado nacional, expandindo o consumo, impulsionando as relações e ativando a urbanização, envolvendo todo o país e acelerando a urbanização das médias e grandes cidades, que são as primeiras a receber estas indústrias.
A cidade não estava e ainda hoje não está preparada para o grande contingente de pessoas que se mudaram do campo. Com o acumulo crescente de habitantes ela se torna grandes área de risco, com altos índices de miséria, desigualdades desemprego violência e outros problemas, principalmente nas metrópoles. A cidade veio crescendo de forma descontinua e sem planejamento, prejudicando seriamente a qualidade de vida ao não disponibilizar a todo o emprego, saúde, educação, habitação e lazer. Milton Santos aponta que não é a cidade a responsável por toda carências, mas outros agentes podemos citar como exemplo o poder público e os proprietários.
Para Milton Santos “Quanto mais intensa é a divisão do trabalho numa área, tanto mais cidades surgem e tanto mais diferentes são uma das outras” (SANTOS). Ou seja, quanto mais uma região produz, mas ela vai se desenvolver, pois criará um maior número de necessidades. Com a intensificação da urbanização, espaços distintos começam a ser criados, identificando seus moradores de formas opostas, divididos entre os bairros de classes baixa média e alta.
Com o crescimento da população e a falta de planejamento das cidades ocorre um grave problema: a segregação, tanto espacial, como social. A primeira está relacionada à valorização excessiva dos imóveis que dispõem dos serviços básicos, como asfalto, saneamento básico e transporte, e uma localização estratégica que facilita o acesso ao trabalho, comércio e lazer, além, ainda, da construção dos conjuntos habitacionais na periferia. A segunda diz respeito a dificuldade de alguns grupos têm para conseguir serviços de melhor qualidade, como escolas, médicos, emprego, cultura e lazer. As duas formas de segregação são extremamente ligadas e concentradas nos grupos com menores rendas.
O Estado, ainda, é responsável pelo planejamento urbano, ou seja, a maneira como o espaço é organizado. Esse planejamento, na maioria das vezes, não é devidamente adequado a toda sociedade. Ele concentra as atividades, tanto comerciais como sociais, em determinado local, colocando a elite a sua volta e afastando os que possuem menores rendas. Assim, o Estado acaba por expressar a influência das classes dominantes, que desejam um espaço particular para sua reprodução social, daí a inviabilidade de um planejamento democrático e igualitário. Ligadas ao planejamento urbano estão as leis de zoneamento. Elas dirigem o uso e a ocupação do solo, separando áreas para comércio, lazer, indústrias e habitações. Neste último nível se dão as desigualdades que são mais marcantes. Ao mencionar um bairro, os seus moradores são automaticamente relacionados a essa separação.
Então, dentro do processo de segregação, surgem problemas, principalmente referentes a questão da moradia: aluguéis altos, imóveis ilegais, periferização e déficit habitacional. Os bairros que possuem acesso fácil as atividades comercias e sociais, como escolas, hospitais e supermercados, se valorizam cada vez mais, impedindo que muitos adquiram um imóvel nesta região. A isso se soma a especulação imobiliária que mantêm imensos vazios na cidade à espera de valorização. Há pouco investimento público no setor imobiliário para habitações populares, onde, muitas vezes, a classe média acaba por ocupar as habitações que eram destinadas a população de baixa renda, graças a burocracia do cadastramento e a dificuldade dessas famílias em pagar a quantia mensal exigida para adquirir um imóvel, mesmo que popular.

Portanto, o processo de urbanização tem altos e baixos. Ele veio para melhorar a qualidade de vida da população e diminuir as distâncias, mas acabou tornando-se uma questão complexa, pois trouxe grandes problemas, que cada vez aumentam mais e se tornam difíceis de serem solucionados, e em seu livro Milton Santos coloca estas questões a partir de sua analise tendo como objetivo fornecer um conjunto de estudos sobre a realidade brasileira.




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