As redes de ilegalidade - Projeto Geografando

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03 outubro 2017

As redes de ilegalidade



Organizaçóes criminosas já existiam antes do mundo em rede, realizando negócios ilícitos, como o tráfico de drogas, a comercializaçào ilegal de bebidas alcoólicas e até mesmo o tráfico de seres humanos. Esses grupos criminosos, porém, tiraram proveito das novas tecnologias do mundo em rede para ampliar as suas atividades ilícitas. O crime global se expandiu e, graças à sua capacidade de acumular riquezas, transformou-se em uma poderosa força política.

A tecnologia diminuiu os custos de transporte e possibilitou que produtos ilegais até então inviáveis de ser transportados — como órgãos humanos e outras mercadorias — passassem a ser comercializados. Possibilitou também a comercialização de enorme quantidade de produtos até antes inexistentes, como softwares piratas, produtos falsificados e até geneticamente modificados. 

As organizações criminosas atuais não se limitam a apenas um ramo de atividade. Além de atuar em ramos há muito dominados pelo crime (tráfico de drogas e de pessoas, sequestros e cobrança de taxas de proteção), investem em negócios "limpos", especulando no mercado financeiro, construindo hotéis e centros de lazer, realizando empreendimentos no mundo da moda e da alta-costura, abrindo empresas de construção civil e até mesmo financiando campanhas políticas em vários países.

O combate ao crime, por sua vez, tornou-se ainda mais difícil, pois o dinheiro obtido de forma ilegal passa muito rápido de um país para outro, e a rede de produção e consumo de mercadorias ilícitas abrange praticamente o mundo todo. 

LAVAGEM DE DINHEIRO


Movimentando volumes de dinheiro superiores ao PIB de muitos países, o crime organizado camufla a origem ilegal e a movimentação do dinheiro. Ocorre um processo conhecido como "lavagem de dinheiro", para tornar legal, e, portanto, "limpo", o dinheiro "sujo" obtido pelo narcotráfico e por outras atividades criminosas. 

Uma grande soma obtida ilicitamente é dividida em montantes menores e depositada em centenas de contas fantasmas (abertas com documentos falsos em nome de pessoas inexistentes) ou de "laranjas" (pessoas que voluntária ou involuntariamente têm suas contas utilizadas para a transferência de dinheiro sujo). Esse dinheiro é então transferido de diversas formas (saques, ordens de pagamento, cheques de viagem, cartões de crédito) para outras contas, até que fique impossível rastrear sua origem ilegal. 

O dinheiro,já devidamente lavado, é depositado em países onde há sigilo bancário e grande isenção de impostos, o que favorece o investimento do dinheiro ilegal. É por isso que são chamados de paraísos fiscais: normalmente negam pedidos de informação de outros países e não se sujeitam às regras do mercado financeiro. Esse procedimento é conhecido como opacidade financeira. 


As facilidades em lavar dinheiro deixam os recursos obtidos em negócios ilícitos disponíveis para investimentos em negócios legais da era das redes, concentrando-se em investimentos especulativos, como a compra de ações de empresas em bolsas de valores do mundo e o jogo com flutuações cambiais.

Fonte:  Conexões - Estudos de Geografia Geral e do Brasil 

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