A soberania do Estado está circunscrita ao território delimitado pelas
fronteiras nacionais. No plano internacional, não existe um poder geral,
um “ governo mundial”, capaz de submeter os Estados às suas leis e regras. O sistema internacional de Estados é formado por unidades geopolíticas
soberanas que cooperam ou conflitam de acordo com o que definem ser
seus interesses particulares.
Cada um dos Estados, em tese, desconfia de
todos os demais e experimenta uma permanente sensação de insegurança,
justamente pela ausência de um poder geral.
Um dos meios de redução da insegurança é a ampliação do próprio poder,
concebido em termos econômicos, territoriais, demográficos, estratégicos,
militares ou culturais. Por isso, os Estados protegem da concorrência
externa setores da economia considerados vitais, financiam a pesquisa e
a produção de arsenais de armas modernas, difundem por meios oficiais a
sua língua e os seus valores.
Outro instrumento para a redução da insegurança é a participação em
instituições mundiais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), e regionais,
como a Organização dos Estados Americanos (OEA). As instituições
internacionais geram compromissos entre os seus participantes e criam áreas
estratégicas especiais, caracterizadas por um conjunto de regras aceitas pelos
integrantes. Os limites de cada uma dessas áreas são fronteiras estratégicas,
que separam os Estados “ de dentro” dos “de fora” da organização.
GUERRA FRIA
No século XVII, configurou-se na Europa um sistema de equilíbrio econômico,
militar e político entre as principais potências, como Grã-Bretanha,
França, Prússia, Áustria e Rússia. Tratava-se de um sistema multipolar, ou
seja, constituído por vários polos de poder.
Entretanto, as guerras mundiais do século XX mudaram esse panorama.
Antes de terminar a Primeira Guerra Mundial, em 1917, a Rússia viveu
uma revolução socialista. Em 1922, formou-se a União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS), que chegou a reunir 15 repúblicas do Leste
Europeu e da Ásia.
No final da Segunda Guerra Mundial, o sistema multipolar
havia deixado de existir. Em seu lugar, emergia um sistema bipolar,
com base na rivalidade entre duas superpotências: os Estados Unidos e
a União Soviética.
A partir de 1947, os Estados Unidos consolidaram sua influência no
mundo. Dessa maneira, após a Segunda Guerra Mundial, o centro de poder
havia se deslocado. Dois blocos antagônicos disputavam a hegemonia mundial:
o capitalista e o socialista, cada qual representado por uma potência
emergente.
A rivalidade entre as novas superpotências do pós-guerra ultrapassou
o âmbito estratégico e diplomático para se expressar também como contraposição
de modelos de organização social e econômica.
No pós-guerra, a URSS preocupou-se em reconstruir-se e visava também à expansão do socialismo para além de suas fronteiras. Os Estados
Unidos, por sua vez, buscavam manter os mercados mundiais e assegurar
a expansão do capitalismo.
No plano estratégico, o sistema bipolar enfatizava a capacidade militar,
materializada nos arsenais nucleares. A posse de arsenais capazes de
reduzir o mundo a escombros tornou-se uma marca das superpotências.
A paz era impossível, mas a guerra significaria a aniquilação mútua das
superpotências e, por consequência, da população mundial, já que os alvos
das suas armas atômicas, e até biológicas, se espalhavam por diversas
partes do planeta.
A Guerra Fria foi a expressão desse “equilíbrio do terror” . Nesse período,
apesar de não ter havido um enfrentamento direto, ocorreram diversas
guerras e revoluções financiadas pelas duas potências, como as guerras
da Coréia (1950-1953) e do Vietnã (1961-1975).
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